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Centros de Atenção Psicossocial do município dão novos rumos a diferentes histórias
Encontro em alusão ao Dia da Luta Antimanicomial reúne usuários da rede e oportuniza a comunidade a refletir sobre as políticas públicas e o acesso à saúde mental

Silvia, Luciana, Rosiléia e Caio. Esses e tantos outros nomes que são atendidos pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) do município são histórias de sucesso que o tratamento fora dos manicômios possibilita. Nessa quinta-feira, dia 16, as equipes da Secretaria de Promoção da Saúde (Semus) e da Associação dos Familiares, Amigos e Usuários do Serviço de Saúde Mental (Enloucrescer) organizaram uma programação para reivindicar uma sociedade sem manicômios, em benefício da mudança no modelo do cuidado em saúde mental. 

No cronograma da data, além das exposições de obras e trabalhos realizados nos CAPs do município, os pacientes dos CAPs AD, CAPs 2 e CAPsi participaram de apresentações culturais de música, teatro, poesia e oficinas de artesanato.

A assistente social e supervisora dos serviços de Atenção Psicossocial de Blumenau, Deisi Maria Sedrez Theiss, diz que o dia da Luta Antimanicomial é um marco do movimento social. “Nosso compromisso é denunciar e refletir sobre as práticas manicomiais simbólicas e institucionais. Por isso, a luta antimanicomial tem a arte como o caminho possível para o cuidado em liberdade”, acrescenta.

Sucessos de tratamento
A paciente do CAPs AD, Silvia Giese, já está em tratamento há alguns anos. “O CAPs AD para mim é como se fosse a minha segunda casa. Ali, a gente tem profissionais que nos acompanham, trazem alegria e que nos fazem retomar algumas ações que, inclusive, foram esquecidas ao longo do nosso processo de adoecimento. A cura não acontece de uma hora para a outra. E essa recuperação, para mim, está sendo muito eficiente e melhorou muito a minha qualidade de vida e da minha família. Hoje, com o tratamento humanizado, os profissionais qualificados e o apoio terapêutico, eu ocupo o meu tempo e a minha mente com coisas importantes que eu já tinha perdido ao longo dos anos”, esclarece.

Luciana da Luz é paciente do CAPs 2 desde os 19 anos. “Aos 19 anos, eu apresentei a primeira crise de esquizofrenia e bipolaridade. Faço acompanhamento aqui em Blumenau. Graças a Deus, minha família sempre me deu alicerce e suporte, mesmo quando eu engravidei, aos 26 anos. Foi bem difícil a gestação do meu filho, que eu descobri somente após os três meses, mas ele nasceu saudável e bem. Hoje, com 47 anos, eu sigo em tratamento. Acompanho essa luta antimanicomial há muito tempo e  tenho o suporte necessário para poder evoluir, para lidar com as crises e equilibrar as reações. Hoje, eu tenho esse autodomínio.”

Rosiléia Matt, de 52 anos, é paciente do CAPs 2, e segue em tratamento desde 2001. “Fui muito bem recebida e sigo com atividades no Centro como forma de ocupar a cabeça. No CAPs 2, nós temos crochê, bijuteria, salas de conversa e nos sentimos acolhidos de todas as formas. Tem dias que eu não quero levantar, mas eu levanto, porque lá eu tenho aquele abrigo, sabe? Aquele cuidado. Perguntam se eu estou tomando a medicação, se preciso de mais alguma coisa. Estou lá até hoje e eu não me vejo na condição de sair, porque o meu problema é pra sempre”, fala.

O Caio O. tem mais uma história de sucesso, desta vez do CAPsi. Está em processo de evolução, com apenas 17 anos. Quem fala sobre a história de evolução de 10 anos do paciente é a psicóloga Marli de Souza Weber. “O Caio está conosco desde muito pequeno. A vida dele sempre foi muito complicada e repleta de episódios de agressão. A mãe também tinha problemas psiquiátricos e os conflitos entre eles eram frequentes. Passou por abrigo, lar afetivo e, em nenhum momento, ele se mostrou um menino ruim e violento. Ele era apenas reativo. De um ano pra cá, mais ou menos, ele vem surpreendendo a equipe. Temos planos dele se tornar independente, de poder morar sozinho. Esse é um caso que me surpreende demais”, finaliza.

 

Assessora de comunicação: Elaine Malheiros



postada em 17/05/2024 11:01 - 498 visualizações



Fotos
  • Foto: Luciana da Luz - Foto: Eraldo Schnaider
  • Foto: Rosiléia Matt - Foto: Eraldo Schnaider
  • Foto: Silvia Giese - Foto: Eraldo Schnaider